Cemitério de Recoleta

É até estranho escrever esse post, mas da mesma forma que é interessante visitar a Casa Rosada, o famoso cemitério de Recoleta também é. Recoleta é considerado um bairro nobre de Buenos Aires, lá tem os shoppings Buenos Aires Design, Recoleta Mall e o famoso cemitério. Mostrei tudo nesse vlog, dá o play:

O nome “Recoleta” do Convento dos Padres Recoletos, os membros da ordem franciscana que se instalaram na área no início do século XVIII, quando foi fundado um convento e uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Pilar e cemitério anexado a ele. Fonte: Wikipédia

recoleta buenos aires

Esse cemitério é um dos pontos turísticos da cidade principalmente por ter bastante tumbas e mausoléus de pessoas importantes ou da elite da cidade daquela época. Como líderes políticos, presidentes da Nação, escritores, premiados do Nobel, desportistas e empresários.

As famílias competiam pra mostrar quem construía os túmulos mais bonitos. Pra vocês terem uma noção, mais de 90 sepulturas foram declaradas Monumento Histórico Nacional.

Um mausoléu é uma tumba grandiosa, normalmente construída para uma figura importante. Fonte: Wikipédia

Nesse cemitério é diferente, os caixões não são enterrados e podem ser vistos pelas portas de vidro, mas ainda assim vale a visita por causa das histórias. Como eu já disse aqui nesse post, gosto de conhecer os lugares por suas histórias e não só por visitar. Gosto de saber o que tem por trás, sabe? E não foi diferente dessa vez.

Havia passado pela frente do cemitério logo no começo da viagem, mas não entrei. Estava sozinha e tenho medo. Esperei minha tia ir comigo pra poder ver de perto, mas enquanto esperava, fui procurar na internet as histórias do por quê o cemitério é tão famoso. O mais interessante é que cada estátua, tumba ou mausoléu tem sua história. Vou colocar aqui algumas que são bem interessantes.

Liliana Crociati

Liliana Crociati

Ela faleceu durante sua lua de mel aos 20 anos de idade em Innsbruck, Áustria, em 1970. Uma avalanche caiu sobre o hotel onde se hospedavam ela e seu esposo. Só ela faleceu, o viúvo viveu até 1996. A família construiu um mausoléu no estilo gótico, que dentro imita o quarto que Liliana tinha em vida. Junto tem sua estátua em tamanho real e é a única do cemitério acompanhada por um cachorro. No mesmo dia, separado por mais de 14 mil quilômetros de distância, seu cachorro Sabú também faleceu.

Junto com sua tumba tem um poema escrito pelo pai de Liliana em língua italiana. A tumba dela está sempre sendo cuidada pelo pessoal do cemitério e seus pais a enchem de flores de todo tipo, como gostaria sua filha. De vez em quando, dizem que um personagem misterioso deixa um ramo de flores, mas nunca se deixa ver, porque escapa quando se aproxima algum vigia ou cuidador do cemitério.

Rufina Cambaceres

Rufina Cambaceres

Conhecida como a mulher que morreu duas vezes. Filha do escritor Eugenio Cambaceres e da bailarina italiana Luisa Baccichi (“La Bachicha”). Após a morte de seu pai, as duas ficaram sozinhas e, por serem membros da alta sociedade do final do século XIX, a italiana chegou a ser “la querida” do futuro presidente Hipólito Yrigoyen. Essa tem duas lendas. Uma conta que a mãe tinha relações secretas com o namorado da Rufina e que quando ela descobriu, caiu morta de desgosto.

A outra versão e a de que, na noite que a menina fazia 19 anos, sua mãe faria uma grande comemoração e a levaria para o teatro para apresentar Rufina para a sociedade. Porém, antes de sair, a menina foi encontrada morta, toda rígida no chão. Um médico confirmou sua morte e logo no dia seguinte ela foi enterrada. Alguns dias depois, os empregados do cemitério encontraram seu caixão aberto com a tampa quebrada.

A versão oficial diz que foi um roubo. Tentaram roubar as joias que ela usou quando foi enterrada, mas o provável é que a Rufina tenha sofrido um ataque de catalepsia e acordado dentro do caixão, já que foram encontrados vários arranhões no interior do caixão.

Sua estátua está segurando uma maçaneta, como se quisesse sair ou entrar do mundo dos mortos pela porta da tumba.

Dorrego Ortiz Basualdo

Dorrego Ortiz Basualdo

É considerada a tumba mais cara. O mausoléu construído para os membros de uma rica família proprietária de terras. Foi construído em forma de capela, de estilo francês e possui uma grande simbologia. A escultura realizada em mármore recria uma cena de “La parábola de las vírgenes prudentes y las vírgenes necias” (A parábola das virgens prudentes e das virgens insensatas), do escultor italiano Giovanni Villa.

O candelabro de sete braços é comum para a religião católica como para a judia, com diferente simbologia. Neste caso, se observa uma cruz latina com o emblema dos 4 evangelhos em seus extremos, o que nos indica que os donos são católicos e neste caso, esse candelabro simboliza a luz divina e a salvação.

Família Duarte

Evita Perón

É a onde ficou o corpo da Eva Perón. Digo “onde ficou” porque o corpo dela primeiramente foi enterrado na Itália com um nome falso. Evita morreu em 1952 após um câncer agressivo no útero. Apesar de muitos adorarem e idolatrarem Evita na época, tinham também os que a odiavam e por isso o marido, Juan Domingo Perón, fez isso. Depois, em 1976, é que o corpo foi levado para Buenos Aires no mausoléu da família Duarte.

Se você tem muito medo ou não se sente bem, é preferível que não visite. Se você tem curiosidade, pode ir que é interessante. Eu fui criando coragem durante 1 mês 😛 fui pra Buenos Aires dia 1 de outubro e só no dia 31 de outubro é que fui no tal cemitério. Sei que temos que ter mais medo dos vivos do que dos mortos, mas não dá. Minha alma é de uma criança que assiste e acredita em filmes da Disney.

Ainda não acredito que consegui escrever esse post, mas tá aí! Em breve vou trazer um post com um roteiro legal pra conhecer o bairro de Recoleta.

Gomero de la Recoleta

Pra amenizar esse post pesado. Em frente ao cemitério tem o maior gomero da Argentina e a árvore mais antiga da região, ou seja, acaba virando um ponto turístico também. Fica bem no centro da praça. Chega a ser até engraçado ver que fora do cemitério tem algo tão vivo pra gente ver e apreciar.

maior árvore da argentina

Seus galhos chegam a cair pelo chão. O mais interessante é ver que preservaram e cuidaram para que a árvore não morresse. Foi preciso colocar apoios para que a árvore não tombasse por causa do seu peso. Até mesmo uma estátua pra segurar um de seus grandes galhos.

estátua árvore recoleta

Ao redor da praça tem restaurantes, inclusive um muito fofo chamado La Panera Rosa. Fiquei curiosa e fui ver o cardápio, acabei pedindo um crepe chamado de “Green” com batatas rústicas.

restaurante buenos aires

crepe

Tinha espinafre, nozes, salsa, farofa de queijo parmesão e mais umas coisas que eu esqueci, mas estava muito bom. Se você estiver passeando por Buenos Aires e ver esse restaurante, pode parar pra comer que é gostoso.

Também ao redor da praça tem umas cabines telefônicas bem fotogênicas. Não sei se funciona, eu ia entrar pra ver mas desisti quando vi uns anúncios de ousados colados dentro da cabine.

praça recoleta

E aí? Vocês visitariam esse cemitério ou morrem de medo como eu? O que acharam dessa árvore gigante e desse restaurante fofo? Comentem aqui!

Esses foram os sites que li enquanto estava lá criando coragem pra ir: Fonte 1 – Fonte 2 – Fonte 3

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26 Comments
  • Lívia Madeira
    dezembro 5, 2018

    nhamm to babando nesse crepe! e tem alguns cemiterios que tem esses jazigos que sao verdadeiras obras de arte né, fui alguns em Paris que tbm eram assim, amei ver mais desse

    http://www.tofucolorido.com.br
    http://www.facebook.com/blogtofucolorido

    • Thami Sgalbiero
      dezembro 15, 2018

      Sim, essas estátuas são bem tensas de ver, confesso, haha! Fiquei com saudades do crepe também! 😛

  • Priscila Ferreira
    dezembro 5, 2018

    Eu ficaria com medinho também, mas gostaria de conhecer pela história assim como você. Achei muito interessante as histórias, as causas e como a família gostava de investir em tumba, né menina? De todos a história da noiva é bem tristinha, e o dog dela? Awn. Muito legal, Thami!

    http://www.coisasdepriscila.com
    Instagram l Beijo.
    Nos encontramos toda seg, qua e sex.

    • Thami Sgalbiero
      dezembro 18, 2018

      Pois é! Tá doido gastar dinheiro com tumba, prefiro gastar dinheiro enquanto to viva mesmo, haha! Sim, a da noiva não é tão macabra, apenas triste mesmo.

  • Thaiane e Thalita
    dezembro 5, 2018

    Apesar da curiosidade para conhecer o lugar, achamos que não entraríamos no cemitério também temos bastante medo rsrs. Achamos muito fofo esse restaurante e esse crepe parece realmente estar muito gostoso!!

    beijos

    onlyinspirations.blogspot.com/

    • Thami Sgalbiero
      dezembro 20, 2018

      Esse lugarzinho é muito fofo! Além da decoração, a comida é gostosa, haha!

  • Pathy Guarnieri
    dezembro 6, 2018

    Thami, confesso que até acho bacana ir em cemitérios, justamente para conhecer a história e arquitetura. xD
    Esses que mostrou aqui, achei bem interessantes as histórias, gostei mesmo! E se um dia eu for a Buenos Aires, irei conhecê-lo com certeza!
    E essa árvore? Coisa linda ela!

    Beijo!
    Cores do Vício

    • Thami Sgalbiero
      dezembro 20, 2018

      Pois é, até é interessante, mas o medo me consome. Fui no cemitério com dois sentimentos: medo e curiosidade, haha!

  • Tamara Mansur
    dezembro 6, 2018

    Oláá Thami! tudo bem?
    Oba! mais post de viagem!
    Eu confesso que tenho curiosidade, mas morro de medo.. não sei se iria.. gosto dessa parte da história e tal, mas acho um pouco macabro demais, mesmo parecendo bonitinho pelas fotos. Talvez eu só passeasse ali por perto e visitasse o restaurante fofo, porque fiquei com vontade de comer isso aí hehe
    beeijo

    https://lecaferouge.blogspot.com/

    • Thami Sgalbiero
      dezembro 20, 2018

      Sim, eu também via as fotos e achava bonitinho, mas pessoalmente o medo bate forte, hahaha! O crepe amenizou meu medo do cemitério e agora só sonho com o crepe mesmo. 😛

  • Kaila Garcia
    dezembro 6, 2018

    Eu amei demais esse post, nunca tive medo de ir no cemitério, e amei a forma que eles encontraram para simbolizar a história de cada pessoa, independente de quanto tempo passar, quem passar por ali saberá e nunca se esquecerá de quem foram essas pessoas. Amei as histórias que você escolheu para contar..

    • Thami Sgalbiero
      dezembro 20, 2018

      Pois é, mal ou bem as pessoas são recordadas, haha!

  • Wanessa de Almeida
    dezembro 6, 2018

    Por mais que seja um ponto super famoso, não sei se iria e muito menos acompanhada kkkkkkk pq não curto cemitério.
    Achei bem legal sua experiência <3 vc explorou muito por aí, gosto de pessoas corajosas assim, eu tenho metade disso kkkkk
    bjs http://www.diadebrilho.com

    • Thami Sgalbiero
      dezembro 20, 2018

      Aaa minha coragem surgiu na minha última semana lá, hahaha!

  • Leslie Leite
    dezembro 6, 2018

    “espero que nenhum espírito venha me pegar, estou com um pouco de medo, talvez muito!” HAUSHUAHSUAHU
    Vou te contar que eu sou contraditória, eu AMO histórias macabras, coisas esquisitas, autópsias e afins, porém, eu ODEIO chegar perto de cemitérios ou cadáveres. Aqui em Curitiba tem uma múmia no museu egípcio e eu visitei todo o museu, menos o caixão de vidro da múmia, hahaha. Sem contar que a minha mãe vendia planos funerários do cemitério Vertical de Curitiba, onde as pessoas mortas são colocadas em gavetas e não enterradas no chão. Uns dois anos depois que a minha mãe começou a trabalhar lá é que eu tive coragem de ir conhecer as salas das gavetas, não por medo, não tenho medo de gente morta, mas não gosto da sensação que um cemitério traz.
    Coitada da moça Rufina, você conhece a história das pessoas que sofriam de catalepsia na Inglaterra e colocavam um cordão no dedo do morto que ia até um sino? Caso a pessoa acordasse o sino tocava e o coveiro o desenterrava, ainda nessa história explica-se o por que de velórios durarem a noite inteira. No Cemitério que a minha mãe trabalhava tem o detecto-vida, o morto fica com o aparelho por cerca de 25horas, caso ele acorde o aparelho avisa que há sinal de vida e a pessoa não é colocada na gaveta. Aliás, vou enviar seu post pra minha mãe, ela tbm gosta de histórias assim, ela ia ficar um tempão andando pelo cemitério de Recoleta se tivesse a oportunidade, hahaha.
    Amei a árvore e o restaurante tbm, e sobre a cabine telefônica, aqui sempre tem uns cartões ousados dumas casas de massagem nos orelhões também, hahaha.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

    • Thami Sgalbiero
      dezembro 20, 2018

      Eu até iria concordar “Pois é, também não tenho medo de gente morta, mas não gosto da sensação” mas seria mentira, tenho medo de gente morta sim, hahaha! Não sabia disso da Inglaterra 😮 mas mesmo assim as pessoas saiam vivas? Porque eu morreria de verdade no exato momento que acordasse dentro do caixão, hahahaha! Então, já quero que vocês viagem todos em família pra ir você e sua mãe lá nesse cemitério pra depois me contarem o que acharam. 😛

  • Jaynara Lambert Archanjo
    dezembro 7, 2018

    Tenho horror de cemitérios, não por medo, mas me sinto muito mal entrando em um.
    Mesmo sendo um ponto turístico acho que não entraria, é um pouco estranho saber que tem gente que viaja para outros países só para ver esse tipo de ponto turístico.
    As histórias dos túmulos e das pessoas que foram enterradas neles são assustadoras mas interessante demais.

    Ri na hora que o moço percebeu que você tava filmando kkkk
    Beijos.

    http://www.boasdepapo.com.br

    • Thami Sgalbiero
      dezembro 20, 2018

      É verdade, tem gente que viaja o mundo para conhecer cemitérios assim ou lugares macabros, haha! Eu não, prefiro ver a natureza e a beleza natural dos lugares, hahaha! Ele viu que eu estava filmando e ainda sorriu, muito simpático. ?

  • Simone Benvindo
    dezembro 8, 2018

    Eu ia amar ver de perto as tumbas e saber mais das Histórias por trás delas, medo eu não teria se fosse de dia. Achei o seu passeio muito legal. Fiquei de olho nesse crepe aí.

  • Carol Sweet
    dezembro 10, 2018

    Eu gosto do cemitério, esse tem um estilo muito bonito e é cheio de histórias. Gostei de conhecer um pouco mais, realmente é um lugar muito lindo de Buenos Aires.
    Beijos,
    Mundo Perdido da Carol
    Instagram: @carolinsweet
    Fan Page

  • Fernanda
    dezembro 10, 2018

    Não seria medo, mas não me sinto bem indo ao cemitério. Gostei das histórias de cada tumba..

    Um beijo e ótima semana.

    http://www.purestyle.com.br

  • Váh
    dezembro 10, 2018

    Que interessanteeeeeeee!!!!
    EU não gosto de cemitérios, mas sei que é um lugar sempre cheio de histórias.
    Achei muito legal você falar sobre esse lugar, não achei pesado, achei interessante!
    Fiquei chocada com a história na moça que morreu na lua de mel e o cachorro dela morreu no mesmo dia em outro lugar, que lokoo!
    Essa árvore enorme que incrível, achei bem criativo eles colocarem uma estátua segurando os galhos haha!
    E esse restaurante todo rosinha, até o prato, que fotooo! 🙂

    Ah, sobre cafés no Rio, acho que talvez aí não tenha tanto esses lugares por ser uma cidade mais quente não?
    Aqui é frio a maior parte do ano, então todo mundo gosta de bebidas e lugares quentinhos.

    https://heyimwiththeband.blogspot.com/

    • Thami Sgalbiero
      dezembro 21, 2018

      Aí sobre essa história só não sei se é verdade, mas também fiquei chocada quando li. Também achei criativo a estátua com a árvore, uma forma legal de manter algo que virou patrimônio histórico da cidade né? Acredito que seja por isso mesmo o caso de não ter muitas cafeterias por aqui, é mais lanchonetes e sorveterias, hahaha!

  • Stephanie Ferreira
    dezembro 10, 2018

    Medo eu até tenho mas eu gosto de visitar lugares que são ricos em história, mesmo que for um cemitério, então eu toparia visitar!

  • Leidiana Pereira
    dezembro 11, 2018

    Que cemitério mais bonito, sério, me encantei com as fotos, porque dá para ver o respeito que as pessoas tem pelo lugar onde os mortos estão.
    Estou doida para assistir seu vlog, pena que estou no estágio ainda. hehe
    Beijos.
    Diário da Lady

  • Silvana Almeida Souza
    dezembro 12, 2018

    Eu fiquei fascinada Thami com tantas histórias por trás desses túmulos, é um lugar intrigante e ao mesmo tempo nos prende por saber de tantas coisas por traz das mortes!
    Beijos
    http://www.silalmeida.com